Sim, porque a negação do direito a interromper a gravidez não faz desaparecer a sua necessidade
February 6, 2007 at 1:58 pm Leave a comment
Sou Médico. Sou jovem.
Sempre acreditei firmemente que a minha missão enquanto profissional de saúde se basearia na assistência a todas e todos, sem olhar a diferenças, celebrando a liberdade e a diversidade de credos, morais, filosofias ou religiões.
Não consigo aceitar que a lei do meu país me force ao silêncio perante o sofrimento de tantas e tantas mulheres que estão perante uma gravidez indesejada.
Não consigo aceitar que a lei do meu país não me permita ajudar todas as vítimas do aborto clandestino, oferecendo-lhes condições de higiene e segurança.
Não consigo aceitar que a lei do meu país não contemple a maternidade planeada como uma escolha.
Não consigo aceitar que a lei do meu país não promova junto dos seus cidadãos uma sexualidade responsável e informada.
Não consigo aceitar que a lei do meu país julgue e puna mulheres que, em sofrimento, interrompem a gravidez clandestinamente, sujeitando-as à morte, à infertilidade e a muitas outras sequelas.
Não consigo aceitar que a lei do meu país seja construída sobre morais totalitárias ignorando a saúde dos seus cidadãos.
Porque não consigo aceitar esta lei desadequada.
Porque nenhum método contraceptivo é 100% eficaz.
Porque urge aproximar as mulheres e os homens do planeamento famimiar.
Porque todos os seres Humanos têm o direito de serem amados e desejados.
Porque a ilegalidade do aborto é um problema grave de saúde pública.
Porque acabar com o aborto clandestino é torná-lo raro e seguro.
Porque a negação do direito a interromper a gravidez não faz desaparecer a sua necessidade.
Porque acredito que sou Médico para promover a saúde de TODAS e de TODOS e não para julgar, humilhar ou deixar morrer tantas e tantas mulheres.
Por tudo isto e porque acredito nas escolhas livres, conscientes, informadas e medicamente assistidas, eu VOTO SIM no próximo dia 11.
Bruno Maia, Porto
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