Teatro pelo Sim na Maia
January 20, 2007 at 7:47 pm 1 comment
Há 5 anos, o Tribunal da Maia assistiu ao julgamente de 43 pessoas por crime de aborto, incluindo 17 mulheres acusadas de interromperem voluntariamente a gravidez à margem da lei. Uma delas confessou e foi condenada; uma parteira e um assistente social também. A parteira foi posteriormente indultada pelo Presidente da República, na altura Jorge Sampaio, e o assistente social posteriormente absolvido.
Para assinalar esta triste data, em que caiu de uma vez por todas por água abaixo a demagogia de quem garantia, há 8 anos, que mulher alguma seria julgada, os movimentos pelo Sim juntaram-se na passada quinta-feira à porta do Tribunal.
Os jovens pelo Sim contribuiram com uma performance dramática levada a cabo por cinco mulheres: uma, vestida de branco, de olhos vendados e segurando uma desequilibrada balança, personificava a justiça a ser adulterada pela palavra «não»; as outras quatro representavam as diferentes origens etárias e socio-económicas das mulheres que recorrem ao aborto clandestino para pôr termo a gravidezes indesejadas. As algemas simbolizavam a humilhação e a perseguição a que a actual sujeita as mulheres.
Entre os oradores encontrava-se o ex-director do Instituto de Medicina Legal do Porto, Pinto da Costa, que foi bem claro: «Não somos a favor do aborto, somos contra uma lei terceiro-mundista que só prejudica as mulheres, que as condena e humilha». Um dos condenados de há 5 anos, o assistente social José António Pinto, da Junta de Freguesia de Campanhã (que acolhe alguns dos bairros problemáticos do Porto), não quis deixar de marcar presença. Em 2001 foi condenado por ajudar mulheres «no limiar da dignidade humana», que lhe bateram à porta «desesperadas», encaminhando-as para a única via possível neste país: o aborto clandestino. Ainda hoje, «praticamente todas as semanas» recebe pedidos de ajuda de uma mulher com uma gravidez indesejada. Para quem a actual lei continua a só ter para oferecer o aborto clandestino, a humilhação e a prisão.
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1. Andreia Faria | January 21, 2007 at 8:57 pm
Como maiata, aplaudo a iniciativa. Foi pena não ter assistido.